quarta-feira, 29 de setembro de 2010

weg


de longe, me olham
- o que verão?
não me captam
sequer de mim suspeitam
impedidos que estão
por tantas certezas
vendas e ataduras

- vês os pássaros, meu amor, vês?
voam sem saber que voam
a simplicidade da vida sem palavras
resumida ao genético bater ritmado das asas...

quem sabe, se eu fosse pássaro...

mas meu vôo, amigo, é solitário
e não há de ser pelo calor do sol
que migro
'
Imagem: Salto, Thomaz Farkas

5 comentários:

Norma disse...

Lindo poema Márcia. Leve! Já sou sua seguidora. Bj e boa sorte no desafio. Em quais gêneros vc está?

Simone disse...

A última estrofe foi simplesmente linda! Adorei (como sempre)!! =]

Anônimo disse...

Nossa, Marcia... que lindo isso!
sinto-me muito, mas muito feliz quando percebo o quanto você é capaz de se reinventar. E, lendo-a, percebo o quanto sou discípulo da sua poesia.

Um beijo

V.

Unknown disse...

Que lindo! Adorei o "voam sem saber que voam". O atavismo é soberano.

Ermanno Tedesco disse...

Lendo esse poema sou tomado pela mesma emoção que me inspira a Rapsódia sobre Tema de Paganini, de Rachmaninov.Só pra mostrar que me toca profunda e maravilhosamente!

Parabéns, Márcia