sexta-feira, 2 de outubro de 2009

há fim


tudo escuro
cinza e preto
tudo morte
tudo azedo
tudo sofre
tanto medo
tanta dor
tanta doideira
tudo fica
estagnado
lodo e lama
empoçado
fumaça espessa
asfixia
o ar pesado
a agonia

quem liberta?
quem consegue
atravessar
a porta aberta?
ir andando
ir para a frente
ir seguindo
a corrente
até que passe
até que finde
o tempo dado
a estadia

até que reste
só o tato
mesmo sem mãos
sobre o abraço
mesmo sem corpo
fique o calor
em nossas almas
reste amor
'

4 comentários:

Renata de Aragão Lopes disse...

"quem consegue
atravessar
a porta aberta?"

FENOMENAL!
Um beijo, Márcia!

Renata de Aragão Lopes disse...

Márcia, querida,

você me transformou em um verbete!
Voltei para agradecer o presente!
Adorei!

Um beijão.

Sorana disse...

Lindo Marcia, como sempre...
bjos..

BAR DO BARDO disse...

num crescendo diminuto
o caos se equilibra
mas...