domingo, 25 de outubro de 2009

verso (im)preciso


como fosse preciso
esculpir o corpo pétreo
riscava a faca e canivete
um arremedo de sorriso
um esgar que podia ser grito
ou máscara crispada de dor

músculos, nervos e vasos
tudo perfeito e imóvel
estátua contida na angústia
de ver a vida lá longe
indo em vagas aos tropeços
empurrada pelos ventos
amordaçada em torpor

como fosse inexato
o dizer do que sonhava
jogava a semente palavra
na terra ferida e na água
salgada de mar e de lágrima
que palavra germina no sal
no ar, no sangue e no nada

corpo todo rabiscado
por dentro pelos sons rimados
desfez-se em ditos não feitos
evaporou em silêncio
transformada em cor e perfume
e tudo que dela restou
foram uns versos imperfeitos
murmurados pelo vento
esquecidos com o tempo
`
imgem: nascer do dia visto de um vôo entre Curitiba e São Paulo, Marcia Szajnbok

Um comentário:

celso disse...

Marcia,
a poesia e as fotos(vi todas no blick) são lindas e me fazem lembrar a musica que dizia " ..sou menino passarinho com vontade de voar...." reforçando os sonhos de criança em ser um super heroi voador, rs,rs,rs....
beijos
Tio Celso