para Nilza
foi para poder dormir
que inventei um deus que sonhava :
num tempo reverso
estávamos juntas
sentadas à mesa
contando entre risos
cotidianas migalhas
foi para poder acordar
que sonhei com um deus que criava:
à imagem de minha vontade
estavas comigo
invisível, intocável
presença incorpórea
sussurro no ouvido
foi para seguir em frente
que criei esse deus que inventava:
do aconchego de antigas lembranças
o cheiro doce
café com bolinhos
abriu o portal inefável
das dimensões desencontradas
foi, assim, para estreitar o abismo
que deus fingiu crer que era eu que sonhava:
à semelhança da tua saudade
lá estavas com tua menina
embaladas por vago piano
o olhar cúmplice
e as mãos dadas
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2 comentários:
lindo!
queria ser seu amigo pra ganhar um poema assim...
Lindo! Muito lindo!
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