domingo, 23 de janeiro de 2011

TEOREMA

ah, como queríamos que o destino seguisse a geometria das conchas:

crescimento previsível

gnomônica regularidade


que não houvesse as mãos do tempo

desenhando a própria linha tracejada e descontínua

lançando-nos, polígonos inusitados,

nas superfícies moebianas das noites e dos dias


criança travessa diante da tela do universo,

o tempo carrega

ora nas tintas, ora nos traços

divertido pela vida assimétrica

pelo quase-encontro assintótico

pela voz enlouquecida

que tenta escapar de seu compasso


devorador, come-nos

goza de nosso gosto amargo

do estalar de nosso esqueleto prensado

entre as circunvoluções do desejo

e a trama helicoidal do passado


tempo-deus todo poderoso

recusa os limites euclidianos

diante de seu grito hiperbólico

abrem-se os fractais da realidade:

no início era o ponto

depois, a infinita possibilidade


`


Um comentário:

Ana Lucia Franco disse...

poesia muito boa, coisa rara na blogosfera.

prazer conhecer teu blog.

abraços.