tanto por dizer
e não encontro as
rimas
não acerto as
assonâncias
soam sempre imperfeitas
minhas sinistras harmonias
estou prestes a
desvendar o mistério maior:
o que torna humano os
humanos?
mas, desprovida de
palavras,
escorre-me por entre
os dedos
essa vã sabedoria
como não sei dos sons
meu achado se desfaz
mera sombra
intuição
voo fugaz de borboleta
transparente
ah, bem queria
capturar o instante
cercá-lo de vidros
reter o tempo em
redomas
trocá-las de ordem
inverter, embaralhar
os dias
desfazer lembranças em
sonhos
tecer de ontem,
esperanças...
talvez assim recuperasse
algum gesto, um olhar
antigo
uma canção, o cheiro
de bolinhos
o som do mar da minha
infância
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