a ponte é
construída de sutilezas
e mesmo
assim, indestrutível
é longa, a
ponte
atravessa a
cidade, vai por colinas
segue em
frente pelas florestas
e flutua
imponderável sobre os oceanos
a ponte sai
de mim
e vai
desenhando
curvas e arabescos
deixando um
rastro de sereno cinza
refletindo
sóis, luas, crepúsculos
manhãs
chorosas, tardes infindas
a ponte é
aquarela
de traços
leves e doces cores
sai de mim e
vai
sem ter
retorno
sem pra onde
apenas vai:
ponte
ponte
2 comentários:
A ponta de sutilezas é feita com uma difícil técnica de aquarela. Bonita metáfora para falar da vida e do rumo que não se sabe. A técnica pontuada e o quadro revelam ao poema uma precisão dos leves preenchimentos dos vazios.
Ariadne
Grande Poeta, Márcia Szajnbock, esse me tocou ainda mais! Ouso,pois, um comentário:
A ponte é nosso sonho mais profundo, mais maravilhoso e mais impossível, que, por cruzar nossas vidas de ponta a ponta, determina tudo o que podemos vivenciar como a 'realidade' durante a vigília. A ponte é, portanto, a estrutura última de nossos mundos possíveis.
Beijo
Marcos Wagner
PS: Tenho, Márcia, um pequeno e (des)pretensioso conto, a que dei o título de 'Por Sobre o Mundo', postado por mim no facebook. Posso te enviar, caso não tenha lido?
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