segunda-feira, 21 de setembro de 2009

excesso

há tanto!
como pesa o mundo...
coisas demais
muitas imagens
ruídos e luzes demais

demasiadas palavras
recobrindo
todos os tempos
excessivos sentimentos
debulhando
o novo e o antigo

diante de tanta demasia
vou me apequenando
pulga
ponto
partícula sub-atômica
condenada aos prótons
de castigo

rarefeita nessa blablablação
bem queria salvar o mundo
proteger-me e protegê-lo
conter heroicamente a tagarelice hemorrágica
pôr bandagens de silêncio
sobre as bocas abertas e desesperadas
fazer-me útil, amada do mundo

...
mas o mundo, amigo,
não está nem um pouco preocupado comigo...

'

3 comentários:

Renata de Aragão Lopes disse...

Pequenos indícios
de seu ofício
nesta poesia! : )

Gostei muito.
Compartilho
dessa sua sensação
de pequenez ante o mundo
- tão cheio e indiferente...

Um beijo.

Marcelo Brañas disse...

Lindo poema, Márcia...
Foi mais ou menos a mesma sensação que me levou a escrever isso: http://rascunhosdesensacoes.blogspot.com/2009/09/procura-pela-poesia.html
Beijos.

BAR DO BARDO disse...

"pôr bandagens de silêncio
sobre as bocas abertas e desesperadas
fazer-me útil, amada do mundo"

Isso aí é muito bom, Márcia - imagem digna de quem domina a Arte Poética.

Parabéns!