o branco do papel é o dos olhos
cravado em mim como dardos
à espera e à espreita das palavras
que deveriam ter se soltado
da ponta dos dedos ou da mente
ou do coração ou do estômago
palavras com cheiro de corpo
que oferecessem uma rima
uma idéia com sentido ou beleza
a desfazer a brancura
da folha virgem e nua
mas este corpo recluso
recusa-se hoje a falar
fecha-se
e tudo que encontro são rastros
sons amorfos, letras mudas
que não se conectam a nada
minha poesia hoje é calada
imagem: Blue Nude, Pablo Picasso
6 comentários:
E, mesmo calada,
ela diz...
Lindo.
Márcia,
Quando as palavras não se soltam, olhemos um pouco mais o branco dos olhos à espreita...
Não há pressa.
;)
Beijos,
Marcelo.
o branco do marfim no papel
tema antigo reflete
a torre de babel
gostei, márcia!
a sua poesia está madura
Vazio lúcido. Vazio que respeita a si mesmo. Que mostra sua verdadeira face, sem qualquer maquiagem a encobrir sua beleza natural. Que se confessa no papel, em versos, com sinceridade. Sem roupas refinadas que o dificulte tatear seu corpo, que encubra sua honesta e bela essência.
Lindo poema Márcia, parabéns.
Hi. My name is Alison Schmidt. The image you used in your post is my painting. The images for my art work are copyright protected. Although, this particular piece is a copy I painted of a Picasso piece, this image is mine. Please remove it from your blog. Thank you.
Alison Schmidt
ASchmidtArt@verizon.net
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