segunda-feira, 23 de março de 2009

cadeia


estranha força que me mantém
atada a ti e ao tempo
que me restringe o movimento
torna-me a voz enfraquecida...

como o sopro de um vampiro
suga-me a cor e a vida
torna-me voluntariamente cativa
do amor algoz que nunca tive...

o passo quer dar-se
mas os pés prendem
âncoras, ao poço infinito
me lançam
repetidamente...

olhos abertos
não vejo escuro nem claro
e já não sei se tenho as formas
que me deixaste marcadas...

perco o rumo, perco a hora
perco-me toda no mundo...

vinda de um sonho roubado
pelo amanhecer inesperado
sou, apenas,
sem futuro
sem predicativo
mera sobra de um desejo intransitivo...


`
imagem: luz e sombra, por marcia szajnbok

2 comentários:

Beatriz disse...

Bonita a foto. Dilacerante a idéia de roubar um sonho sem futuro.
Tremendo pomea

Emanuel Azevedo disse...

Muito bonito e de imenso bom gosto este post e a escolha do poema.