sexta-feira, 15 de maio de 2009

[quando chegou....]

quando chegou parecia enorme a rua
e, tão pequenos os pés,
cada passo pouco avançava

novidades, cantos e risos
e pouco importava o quanto
parecia longo o caminho
ou o quanto a rua crescia
bem diante de seu sorriso

mas já nem tudo floria
havia becos escuros
soluços, partidas
e sombras por trás dos muros

naquela estranha estrada
quanto mais longa a caminhada
mais queria seguir

quem sabe mesmo andar sempre
não ter nenhuma parada
não ter jamais que partir

numa tarde azul e fria
deu um passo comum, corriqueiro
e nem se deu conta, a princípio,
que depois o chão lhe fugia
que o céu todo escurecera
que estrada ali não havia
nem mais passos
nem pés, nem risos

que só algumas pegadas
deformadas por tempo e atrito
eram as plácidas testemunhas
de seu percurso finito
`

imagem: claroescuro, uma brincadeira a partir de uma foto tirada na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre

Um comentário:

Emanuel Azevedo disse...

Gosto muito dos teus posts...