quinta-feira, 28 de maio de 2009


só um corpo

existo sem saber disso
respiro, procuro, insisto

olho em volta, busco imagens
gravo sons, nomes, paisagens
o cenário pronto, a peça inacabada
`
o palco escuro, a platéia estática, o ator mudo

movo um pé, depois um braço e a nuca
da boca parte uma canção inventada
que enche o ar, contagia o mundo

das palavras libertas vai sobrando
num rastro de brilho e pó

um corpo só


`
imagem: Syzifus, Vik Muniz

2 comentários:

Beatriz disse...

Só mais um blavino

E bom esse.

Renata de Aragão Lopes disse...

Blavino!
Gostei muito da inversão das palavras no primeiro e no último versos.