quinta-feira, 27 de outubro de 2011

QUEM SABE?


eles não sabem nada
não sabem nada de nada
e, como não chegam a ser sócrates,
não conseguem saber sequer
do quanto é o seu não saber

ingênuos fiéis, eles crêem
no mais prosaico dos enganos:
o limite do mundo é aquilo que vêem...

esquecem que do outro lado do direito
há o torto, o injusto, o canhoto
mas há também o avesso e o mal-feito

e que entre a miragem e o oásis
há sempre deserto o bastante
para que morram ressequidos
todos os cactos
todos os camelos

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

MAR



o mundo é o mar

sou eu o grão de areia

solta e sem sentido

vagando à deriva

ou lançada às pedras

na maré das palavras


o mundo é o mar

sou água, sou sal, sou nada

sou uma voz que ecoa

o ruído das ondas

em conchas secretas


o mar é o mundo

o mar é vida eterna

é depósito de lembranças

de cartas, de sonhos, de danças


o mar é o mundo

e queria eu ser azul ou verde

sem corpo, sem forma

mero espelho de luz

do sol ou de olhares


a vida é o mar

a morte é o mar

todo o resto é reflexo

ilusão de ótica ou delírio

que preenche os vãos secos

a aridez pétrea

das existências desérticas


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domingo, 16 de outubro de 2011

THE END II



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