domingo, 20 de novembro de 2011

PRESÊNCIAS


procuro desimportâncias
e, do fundo da gaveta empoeirada, eles emergem:
os sorrisos!

ah... tanto tempo sem vê-los, tanto tempo...

como?
estiveram sempre aqui
têm estado sempre em mim
vejo-os no espelho
nas sombras do adormecer
nos sonhos
no lapso que o olhar produz
quando um rosto estranho
parece-me subitamente tão familiar
em meio à multidão quase homogênea...

os sorrisos e os olhares:
vejo-os
mas o que me falta, mesmo,
o que me falta cotidianamente
o que dói de tanto que falta
são os sons
são as vozes:
suas vozes familiares, doces, macias
chamando-me em tons diversos
sempre queridas

'

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

SONETO DO OLHAR SEM LUZ


há escuro sempre e tanto

que a luz se assusta e esconde

sob as pálpebras reflexos

do que brilhava ainda quando


e onde quase nada se apagara

no tempo antes do tempo

correr e tingir o espaço

de vermelho como sangue


tudo era então cor e vida

e diante dos pés o caminho

era futuro e prometia


mas foi-se embora a estrada

colorida e desprovido de luz

finda o olhar em pleno dia