pedacinhos de papel colorido
dobrados, redobrados, revolvidos
faço origami das palavras
procuro entre as letras o não
sentido
um inesperado, uma surpresa
que torne o dia particularmente
único
destacável dos demais, fecundo
digno de receber seu nome: dia!
período composto de incontáveis
instantes
que teimamos por numerar em horas
como se ao batizar o tempo
pudéssemos pôr a vida em cadência,
em ritmo de valsa ou marcapasso,
qualquer coisa que seja contada e
contida
pra que a imensidão do eterno depois
não nos assuste tanto.
ah, tempo futuro, te quero inteiro!
sem a demarcação das datas, sem
nada!
quero a vida como um tempo nu, recém
nascido
um tempo virgem de saudades, de
lembranças
folha branca a esperar por marcas
que alma escreva, assim, solta e
franca...
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