ah, como queríamos que o destino seguisse a geometria das conchas:
crescimento previsível
gnomônica regularidade
que não houvesse as mãos do tempo
desenhando a própria linha tracejada e descontínua
lançando-nos, polígonos inusitados,
nas superfícies moebianas das noites e dos dias
criança travessa diante da tela do universo,
o tempo carrega
ora nas tintas, ora nos traços
divertido pela vida assimétrica
pelo quase-encontro assintótico
pela voz enlouquecida
que tenta escapar de seu compasso
devorador, come-nos
goza de nosso gosto amargo
do estalar de nosso esqueleto prensado
entre as circunvoluções do desejo
e a trama helicoidal do passado
tempo-deus todo poderoso
recusa os limites euclidianos
diante de seu grito hiperbólico
abrem-se os fractais da realidade:
no início era o ponto
depois, a infinita possibilidade
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