sol das
tardes de outono
aquecendo,
iluminando
desenhando
sombras listradas
venezianas
projetadas
janela
ampla, chão de tacos
manta xadrez,
franja vermelha
ruído
distante: crianças brincando
o olhar
passeia enquanto
a alma
imagina
outras vidas noutros quartos
noutras
casas
noutros
mundos
tudo isso
alinhavado pelo aroma
do café
recém coado
do pão
fresco com manteiga
da água de
colônia
com perfume
de lavanda ou alfazema
sol da tarde
nos outonos
banhando
atemporalmente as paredes:
vira o tempo
do avesso
reconstrói a
menina perplexa
perdida
entre as ideias e as sombras
imersa na
mistura dos sons domésticos
da música, do
rádio
da voz da mãe
- da voz macia, da voz-abraço da mãe
Um comentário:
Mesmo não sendo adepto de paraíso, céu, ou qualquer derivação procedente de uma crença e/ou religião, esse texto carrega uma experiencia preciosa; que carrega ao leitor rumo a um encontro de pequenas coisas que estão longe do nosso alcance nessa panacéia toda.
Ler esse texto nos arrebata a crer no céu, sim. Mas, em um tipo despido de crença e que tem nuvens recheadas de geléia com o cólo e proteção dos que sempre amamos em nossa vida.
Postar um comentário