salvai-nos, senhor, da santa monotonia
da sagrada mesmice
da virtuosa mediocridade
que nos torna a todos o mesmo
o igual, o bege sem listras nem flores
concedei-nos, senhor, uns pecados
que entre o pó da chegada e o da partida
viva-se um pouco de umidade
reguem-se as sementes das idéias
de suor, esperma ou sangue
livrai-nos, senhor, de todo o desamor
de toda a indiferença
da placidez amornada
da acomodação covarde
que nos cala às madrugadas a voz desesperada
guiai-nos, senhor, aos caminhos obscuros
às trilhas virgens de pegadas
aos becos, aos cantos
às esquinas mal iluminadas
habitat e esconderijo dos ódios e dos desejos
fazei, senhor, de nosso corpo
sede de gozo ou de dor
mas purificai-nos, senhor, da mortificação do sono plácido
despido de sonhos e sem gemidos
abri-nos, senhor, as portas desta vida nesta vida
nesta única, nesta ínfima, nesta simples vida
e deixai-nos eternamente em paz
quando, um dia, subitamente ela se for
da sagrada mesmice
da virtuosa mediocridade
que nos torna a todos o mesmo
o igual, o bege sem listras nem flores
concedei-nos, senhor, uns pecados
que entre o pó da chegada e o da partida
viva-se um pouco de umidade
reguem-se as sementes das idéias
de suor, esperma ou sangue
livrai-nos, senhor, de todo o desamor
de toda a indiferença
da placidez amornada
da acomodação covarde
que nos cala às madrugadas a voz desesperada
guiai-nos, senhor, aos caminhos obscuros
às trilhas virgens de pegadas
aos becos, aos cantos
às esquinas mal iluminadas
habitat e esconderijo dos ódios e dos desejos
fazei, senhor, de nosso corpo
sede de gozo ou de dor
mas purificai-nos, senhor, da mortificação do sono plácido
despido de sonhos e sem gemidos
abri-nos, senhor, as portas desta vida nesta vida
nesta única, nesta ínfima, nesta simples vida
e deixai-nos eternamente em paz
quando, um dia, subitamente ela se for
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imagem: o pecado original e a expulsão do paraíso, michelangelo