sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Ø

pensava em nada
nada queria
nada sonhava
que sonhar cansa
e de tão cansada
a boca abria
sem som nem palavra
que só falaria
de desesperança

desespero mudo
de olhar seco
no tempo perdia
o movimento
perdia a estrada
o trem e a passagem
perdia a vida
enquanto ficava
sempre parada
mortificada

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

poiesis

põe palavras no tear
e faz-se aranha
a enredar
pelas teias da poesia
parvas moscas
presas certas
captura-as
que deglutidas
suas asas transparentes
lentamente digeridas
serão também um dia
fios de som, de letra e rima
a formar
caleidoscópico sentido

assim um verso é concebido
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domingo, 3 de janeiro de 2010

(re)doma

ar quente e úmido
ar parado
ar sem ar

sufoca

quer gritar correr romper
desabrochar talvez lacerar
quer sair
sem despedidas
sem planos
apenas o caminho feito passo a passo
pelos pés
inconscientes do próprio caminhar
dessabidos do próprio saber
descalço
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