domingo, 5 de agosto de 2012

A PONTE




a ponte é construída de sutilezas

e mesmo assim, indestrutível
é longa, a ponte
atravessa a cidade, vai por colinas
segue em frente pelas florestas
e flutua imponderável sobre os oceanos

a ponte sai de mim
e vai
desenhando curvas e arabescos
deixando um rastro de sereno cinza
refletindo sóis, luas, crepúsculos
manhãs chorosas, tardes infindas

a ponte é aquarela
de traços leves e doces cores
sai de mim e vai
sem ter retorno
sem pra onde

apenas vai:
ponte


Imagem: Ponte Giverny, Claude Monet

2 comentários:

Anônimo disse...

A ponta de sutilezas é feita com uma difícil técnica de aquarela. Bonita metáfora para falar da vida e do rumo que não se sabe. A técnica pontuada e o quadro revelam ao poema uma precisão dos leves preenchimentos dos vazios.

Ariadne

Marcos Wagner disse...

Grande Poeta, Márcia Szajnbock, esse me tocou ainda mais! Ouso,pois, um comentário:

A ponte é nosso sonho mais profundo, mais maravilhoso e mais impossível, que, por cruzar nossas vidas de ponta a ponta, determina tudo o que podemos vivenciar como a 'realidade' durante a vigília. A ponte é, portanto, a estrutura última de nossos mundos possíveis.

Beijo

Marcos Wagner

PS: Tenho, Márcia, um pequeno e (des)pretensioso conto, a que dei o título de 'Por Sobre o Mundo', postado por mim no facebook. Posso te enviar, caso não tenha lido?