macabéa
dura e preta
tão faminta,
macabéa,
craquelada
de tão seca
tão sem nada
tão perdida
pelo não
sempre marcada
vai macabéa à
deriva
de tudo
assim, despossuída
no silêncio,
no escuro
na
escondidez dentro do quarto
macabéa no
espelho
é preta e
branca, é foto antiga
o que haverá
por traz da máscara
de chão
gretado como caatinga?
só ódio e
raiva e inveja e dor?
um quase
nada bem de mansinho
um som
qualquer, meia palavra
toca na
pele, toca na alma
e o que era
cera, imóvel e fria,
se move um
pouco
surpreende o dia
e o que era
morto, cacto e espinho
deseja a
vida, quer alegria
é macabéa virando
flor
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