quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Ícaro


vai alto meu olhar
cai bem no céu de nuvens
o coração está calmo
- vôo...

há em mim um sentir plácido
um saber atemporal
que recria o meu melhor
- subo...

deve ser divina a possibilidade
do dar sem se perder
o amor quer sempre espaço
- migro...

mas a realidade escura
derrete-me as asas de cera
e, estatelada, desperto
- só...


'

Um comentário:

Mariana Waldow disse...

tu és uma tradutora da alma, uma polilíngue das facetas humanas mais recônditas; te deram a virtude de ver debaixo dos cerebelos e corpos, além das aparências, com os olhos da alma, o terceiro olho, ou os olhos do coração.
que o cosmos proteja as asas de cera de todos os ícaros e ícaras desse nosso mundo, pobre palavra essa, M-U-N-D-O, que com 5 humildes letras representa tamanha vastidão, tamanhos sonhos, tamanhos erros, tamanha imensidão, e como bem dizes, tamanha escuridão.
agradeço so cosmos por este teu olhar nu, que vê sem ver, e lida não só com a poesia, mas também com o resto, com o que sobra, de um ser humano.