sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Soneto


gosto de pensar que sou um ser aquático
que nasceu em terra firme por engano
e que um dia cada pedaço do que sou
retornará ao seu lugar, que é o oceano

gosto de supor que dentro de mim exista
uma concha, um caramujo, algum coral
e que este sangue que tenho hoje vermelho
ficará um dia transparente, só água e sal

é um conforto imaginar-me assim
percorrendo mares, levada nas correntes
na espuma branca das ondas, diluída

no ilimitado das águas encontrarei enfim
a profundeza inusitada e azul da liberdade
que tanto persegui por toda vida
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