sexta-feira, 27 de março de 2009

corpor(e)ificado


e se me pusesse aqui agora
diante de ti
nua
a vergonha que nos envolveria
seria minha ou tua?


este corpo sou eu!
trago nele as cicatrizes do tempo
as pegadas da história
a nostalgia dos filhos dentro...


quero-o assim
remendado e imperfeito
um corpo que espelha a alma:
aqui um erro, ali um defeito...

desnudar-me para o mundo!

mostrar, exibir, não esconder
cada ponto que desafia
cada gordura transgressora
cada mancha, cada estria!


apropriar-me dessa almacorpo
fazê-la viver
conceder-lhe até o último momento
a benção
o direito
de ser fonte inesgotável
de prazer,
de arrebatamento...



`


3 comentários:

Fátima Santos disse...

belíssimo grito de GENTE!

Beatriz disse...

Márcia, stop?
Eu descarrilhei por esses versos e só parei depois de no stop umas 4 vezes. Que fluxo vc tem, moça!
Vi a vida indo leve e crua sem saber da surpresa, do susto. Vi o corpo nosso de cada dia, de cada vida sendo marcado pelo traço poético e a palavra sendo descarnada pra depois encarnar nessas imagens que vc cria com graça e rara destreza com as "teimosas". Incrível! Maria, disse tudo! Gritos e sussuros de GENTE!

Magna Vanuza disse...

Poxa!
Arrebatou-me para dentro do seu poema! Lindo