sábado, 2 de agosto de 2008

Soneto

Marcia Szajnbok
Trago hoje plena a alma do sentimento
Que julgava perdido e extraviado.
Deu-me a vida de presente este passado
Bate-me no coração um novo alento.

Entre rugas e fios brancos se perdia
Do corpo a tão querida juventude.
O relógio do espírito vai, amiúde,
Conduzindo o tempo em doce melodia:

Ora lenta e melancólica, envelhece;
Ora enche o espaço alegre e vibrante.
E o que o espelho do corpo transparece

Não é mais que um retrato desse instante:
Mágoa e solidão que lhe abrem a ferida.
O gesto inesperado recupera a vida.

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