Marcia Szajnbok
Pôs na panela, a ferver, um bom pedaço de músculo. Com amor, minha filha, a comida quer que se a cozinhe com amor. As palavras da avó, sempre em seus ouvidos. Juntou, com amor, batatas, mandioquinhas e cenouras, uma cebola, uma fatia grossa de paio e outra de toucinho, um bocado de salsa e, claro, um fio de azeite. Só use Português, menina, que os outros não prestam. O cheiro da sopa fervente invadia a casa e a alma. Lembranças boas, saudades da infância, do colo quente e perfumado dos avós. Os pratos esperavamna mesa, preparados: no fundo, uma fatia de pão - uma côdea bem servida – e sobre ela, um pouco de vinho tinto. Por último, a sopa fumegante.
- José, vem jantar, menino! – soava bem chamar o filho pelo mesmo nome do avô.
Uma refeição simples, numa cozinha qualquer, aquecida pelo fogão e pela proximidade. Sentia-se, ali, a representante de gerações e gerações de mulheres, felizes por terem cozido suas sopas e conduzido suas famílias. Enviou um beijinho para o ar. A avó havia de recebê-lo!
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